terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Necessary Spectacle (Selena Roberts)



Antes de mais nada, eu adoro esportes e adoro livros. Não deveria ser surpresa, portanto, o fato de eu adorar livros sobre esportes e atletas.

Nesse caso, no entanto, o livro tem um viés histórico no que diz respeito às conquistas dos direitos das mulheres. A obra fala sobre a grande tenista Billie Jean King e seu jogo contra o ex-campeão de Wimbledon, fanfarrão e machista Bobby Riggs.

Além da história dos dois personagens e do jogo em si, o livro aborda o momento americano na época, a questão da aceitação da própria opção sexual, a briga por investimentos no esporte universitário e muito mais.

Eu não me lembrava do jogo, mas foi muito legal ver a coragem de Billie Jean King, sua luta pessoal, o posicionamento da mídia e mesmo a amizade que surgiu entre os dois antagonistas.

Bom livro que se lê rápido e com gosto.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Trem noturno para Lisboa (Pascal Mercier)



"Trem noturno..." é um bom livro. O ritmo flui e o autor tem um mérito raro: consegue dar viradas na trama e nos personagens quando a coisa começa a ficar chata.

Por isso, mesmo sendo um livro que não chega a apaixonar, a obra nunca cansa e leva o leitor tranquilamente até o final.

A história do professor de línguas que larga tudo por um fato aparentemente insignificante e troca Berna por Lisboa é cheia de nuances e histórias, tudo conduzido pelos textos de um médico português.

Talvez esteja aí o único problema do livro, na minha opinião, os textos do tal Amadeu Prado, que chocam e encantam os personagens, me pareceram apenas razoáveis. Mentira, são bons textos, mas nada que faça alguém se encantar tanto pelo autor.

Mas isso a gente releva, porque o resultado final é bom e as 460 páginas passam rapidinho. Vale a leitura.

domingo, 7 de outubro de 2012

Para viver com poesia (Mario Quintana)



Não é bem um livro. É mais uma coletânea de frases geniais, doces, poéticas, inesquecíveis de Mario Quintana. Pequenas verdades que iluminam o momento e que a gente carrega ao longo do dia.

Não é um livro de bolso, não é um livro de cabeceira. É um livro de alma.

"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro."

"Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagem e está fazendo poesia."

"O tempo é um ponto de vista dos relógios."


terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Estaleiro (Juan Carlos Onetti)



Alguns escritores fazem parecer que você conseguiria escrever como eles. Hemingway e Sabino, por exemplo, sempre dão a entender que, se um dia você quisesse mesmo, poderia escrever algum daqueles contos.

Claro que é bobagem e que o segredo do talento deles está justamente nessa falsa sensação de algo comum.

Já outros autores não dão essa canja. Ao ler Safran-Foer e Borges, por exemplo, você não tem a mínima esperança de escrever algo daquele nível.

Onetti faz parte do segundo grupo. O autor joga seu manto cinza-azulado sobre tudo o que cria e tudo é triste e penoso. A escrita é detalhada, poética, profunda e cada parágrafo faz com que você também ganhe os tons da obra.

O Estaleiro é meu terceiro ou quarto livro de Onetti, mas dificilmente será o último. As relações que seguem cotidianas e rotineiras diante do imenso absurdo que todos fingem ignorar, os personagens marcados pela vida, desiludidos, tudo isso faz a gente se apaixonar pela obra.

Não é uma paixão de verão e nem um "lance" à primeira vista. É um sentimento que nasce da dor e da surpresa de se deparar com o pior do outro e entender que aquilo basta.